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Bossware: seu chefe é um computador

 

A massiva adoção do home office, reflexo da pandemia Covid-19, intensificou diversas discussões jurídicas, dentre elas: qual o limite ético ao monitorar a produtividade de funcionários em exercício remoto.

 

Os softwares, popularmente conhecidos como aplicativos, são criados para exercer determinadas funções de modo a criar comodidades, otimizar tempo e fornecer relatórios. Ou seja, é lógico pensar que o uso de softwares, algo que já faz parte do nosso cotidiano, também seria a solução para monitorar a produtividade de funcionário distantes dos olhos humanos.

 

Boss, termo em inglês para chefe, fundiu-se com a palavra software, assim surgiu uma nova palavra: bossware, que em tradução livre pode ser interpretado como “Aplicativos Chefe”.

 

Todavia, não basta apenas quantificar o número de relatórios realizados, de reuniões participadas, de chamados atendidos, enfim, de qualquer serviço prestado. Pois, no geral, as tarefas possuem singularidades que impossibilitam criar um parâmetro de rendimento que entregue o resultado real.

 

Desta forma, as empresas partem para aplicativos, bosswares, que deixam de monitorar as tarefas e focam em monitorar os executores das tarefas – os funcionários.

 

Obrigar o funcionário a trabalhar com a webcam filmando-o e com uma aplicação gravando a tela do computador/notebook são medidas que se tornaram populares. Todavia, estas medidas são altamente questionáveis, pois, não há pesquisas suficientes para afirmar a efetividade da imposição e, como reflexo, cria-se um ambiente de extremo desconforto para a pessoa, afinal todos os movimentos são gravados e poderão ser observados por outras pessoas.

 

Diante, ao adotar qualquer forma de monitoramento, ainda que os meios tecnológicos permitam, deve-se observar a exposição desnecessária com a quebra da privacidade e a carga mental que a medida causa, mesmo que de modo indireto.

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